Querido diário,
Uma coisa você precisa saber. Eu dificilmente falarei sobre meu trabalho aqui. Primeiro, porque entendo que existe uma divisão muito clara entre vida profissional e vida pessoal, e as coisas que faço para sustentar minha vida não merecem palco público porque, eu sozinho, não represento quem paga meu salário.
Mas uma coisa posso dizer com bastante certeza: Eu gosto demais do que faço e gosto demais das pessoas que trabalham comigo.
Todo mundo que me segue nas redes sociais sabe que, atualmente, trabalho para um banco digital e que, o sistema de trabalho hoje é híbrido. Ou seja, maior parte dos dias trabalho a partir de casa e algumas semanas do ano, trabalho presencialmente.
Há alguns dias, foi minha primeira viagem ao escritório.
Foi a primeira viagem de longa duração que fiz depois da pandemia. Fazia muito tempo que eu não planejava nada do tipo. Hospedagem, transporte e tal.
A maneira mais tranquila foi viajar de ônibus até São Paulo. Uma viagem de aproximadamente 11 horas. Cheguei de madrugada, bem pela manhã. O nascer do sol e o brilho pela janela do ônibus anunciavam que eu havia chegado.
Até acordar e entender onde eu estava foram alguns minutos.
Tudo acontece muito rápido na cidade grande. Parece que a cidade tem vida própria e rege o compasso daqueles que a habitam.
Olhando minhas reservas, percebi que meu check-in só poderia ser feito às 15h.
Seriam nove horas de espera para poder entrar na acomodação e descansar até o próximo dia.
Resolvi buscar por lugares próximos de onde eu estava, enquanto apreciava de um típico bar de São Paulo, tomando meu café da manhã com uma coxinha e um café preto em um copo de vidro.
Café horrível. Mas muito bom. Uma coisa engraçada sobre gosto de café é que, eu gosto de café sem açúcar e quando existe qualquer traço de açúcar, fica muito doce e estraga totalmente o gosto.
Quando pedi pelo café a garçonete disse:
— Tem só um tiquinho de açúcar e tá bem forte.
Claro que, para o gosto dela, poderia ser verdade. Mas para mim, estava melado de doce. No entanto, era o que tinha para o momento e sinceramente, não me importei muito. Eu precisava encontrar um lugar para descansar até poder entrar no quarto que reservei.
Busquei por incontáveis hostels, mas a maioria deles estava lotada.
Falta de sono é um vetor importante para um dia horrível. Humor fica ruim, a cabeça dói, o tempo não passa.
De repente, encontrei um lugar baratinho que me deixaria passar algumas horas.
Quando fui ao local, entendi que era (ou ainda pode ser), um motel.
Não importava. Eu estava tão cansado que mesmo aquele cheiro de cigarro enrrustido, em cada centímetro do quarto não me impediu de dormir. A decoração grega e espelhos por toda a parte deram um toque imperfeito para ótimas seis horas de sono.